A IDÉIA GERAL DO LIVRO
O método científico como estamos acostumados, aquele que considera exclusivamente a matéria, transformou o homem. Isso é inquestionável. Mas esse método científico é impotente para construção de conceitos sociais e para entendimento de aspectos do nosso interior. Não só isso, essa forma de pensar científica fez o homem querer explicar tudo. Em muitas pessoas o comportamento questionador já virou uma doença. Poucos são os que conseguem calar a mente. Gente que não consegue dormir à noite, gente que não consegue se concentrar, gente que rebate toda argumentação e por aí vai. Você conhece alguém assim?
Essa não é uma percepção minha. É de Steiner. Nesse livro “Os limites do conhecimento científico” Steiner fala do desenvolvimento da consciência do homem. Conta que desenvolvemos uma mente que hoje vive no mundo das ideias mas que é empobrecida, que não consegue atingir os aspectos que nos faz humanos. E por ser insuficiente desses aspectos humanos acabamos por nos distanciar de nós mesmos e dos outros. Esse tipo de pensar tem nos tornado anti-sociais.
Steiner propõe então um caminho, um método que nos leva a outra forma de pensar. É um caminho esotérico não místico. Com esse método atingimos uma maior consciência social. É esotérico pois é um trabalho interior, não é um mero ponto de vista. Não é místico, não fala de espíritos, energias ou interpretação simbólica religiosa. Também não é ponto de vista psicológico ou emotivo.
O MÉTODO APRESENTADO
De forma super resumida o método proposto se resume ao seguinte: se permitirmos, o gatilho da inspiração pela intuição acionará a imaginação.
Mas peço à você colega leitor que me dê um pouco do seu tempo. Explico abaixo esse método com mais detalhes, mas ainda assim manterei uma forma simplificada. Fica comigo. Paciência e leia com bastante atenção. Lá vai:
No processo apresentado por Steiner devemos calar a mente e simplesmente observar de forma atenta o que surge. Assim perfuramos o limite do mundo sensorial, ou como diz o autor, nos mantemos dentro do fenômeno. Isto é, nos mantemos ali receptivos e não acionamos as suposições, os questionamentos e todo o falatório mental. Quero usar uma imagem descritiva: nós soltamos as rédeas e quando a charrete sair da estrada retomamos e a reposicionamos na direção correta. E assim vamos mantendo a mente no caminho. A mente com seu falatório é o cavalo tentando sair da estrada. O nosso trabalho é simplesmente mantê-la na estrada, dentro do fenômeno.
Ao fazer isso o pensamento não será mais baseado nos sentidos físicos como fazemos de costume. Preste bem atenção nisso: o pensamento não será mais baseado nos sentidos físicos. Alcançamos então um ponto de liberdade cuja compreensão ocorre unicamente no espírito. Não acontece na mente concreta. O autor chama isso de “ponto de liberdade” pois não atuamos com o nosso querer ou com a lógica. Ele acontece só.
Como passo seguinte, continuamos segurando as rédeas de nossa mente para que ela não inicie o falatório. E aí nascerá desse ponto de liberdade algo que se manifestará no nosso interior alimentando nossa imaginação. Dito de outra forma, a realidade nos chega através de um processo imaginativo. E o que nos chega não são conceitos, o que nos chega são imagens que revelam a natureza interior do observado.
Pronto. Feito isso podemos finalmente soltar as rédeas do pensamento racional e deixá-lo a todo vapor. Note que com isso Steiner não abandonou a lógica. Ele reconhece que sem a mentalidade científica não vamos longe. O detalhe aqui é que existe a hora certa de aplicar a mente concreta. Existe um processo cognitivo que precisamos deixar se desenrolar antes dessa mente concreta atuar. A mente concreta quer a todo instante interferir, mas esse processo não deve ser atropelado. O pensamento conceitual deverá acontecer depois de já termos recebido as imagens reais, saudáveis e conectadas ao espírito.
Ao Espírita, ao Conscienciólogo, ao Umbandista é preciso fazer uma observação. O nível da Intuição nesse processo de Steiner é acima do nível da comunicação com espíritos, ou consciexes. Steiner está nos propondo ir além disso.
ORIGINALIDADE
O colega poderá perguntar: “Mas isso daí já não foi apresentado antes em outros livros do mesmo autor?”
Sim, o método já foi explicado 16 anos antes em seu outro livro “O conhecimento dos mundos superiores“. Mas esse livro daqui tem como foco pessoas mais céticas, habituadas ao pensamento científico.
Assuntos que só encontramos aqui:
Os últimos dois capítulos do livro merecem ser lidos e relidos. Tem muita coisa alí que dificilmente encontraremos em outros lugares.
SOBRE A PUBLICAÇÃO
O livro é a tradução de 8 palestras consecutivas realizadas em 1920. Cada palestra vira um capítulo. Cada capítulo começa com uma revisão do que foi exposto no dia anterior e isso facilita bastante a leitura. Não é um livro tão enrolado quanto outros livros de Steiner.
Essa edição tem capa grossa, fitilho, acabamento impecável.
É um livro da FEWB (Federação de Escolas Waldorf do Brasil) mas não é um livro de pedagogia.
O próprio Steiner diz que a pré-condição para entendimento desse livro é ter lido o Filosofia da Liberdade. Eu acho que não é bem assim. Você consegue!
NEM TUDO É PERFEITO
Ao final, talvez você sinta falta de recomendação de exercícios para se dominar esse método. Isso vamos encontrar em um outro livrinho: “A educação prática do pensamento“.
Assunto para um próximo post.
links externos sugeridos pelo autor DESSE POST:
Biblioteca Virtual da Antroposofia
Leonardo Maia mantém um site com textos sobre Antroposofia em português. Na data de publicação desse post ainda não encontrávamos o GA322 com as palestras originais do livro "Os Limites do Conhecimento Científico". De qualquer forma, se você se interessa pela Antroposofia dê um pulinho lá. https://bvapremium.com.br/
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