O conceito de Aristóteles que Steiner menciona em seu livro. 2 minutos
Pondé não encontrou a falha do pensamento de Kant, mas Steiner encontrou: lhe faltava, assim como para Pondé, o suprasensorial.
Esse pequeno livro “Matéria, forma e essência” é uma jóia rara. Ele é a transcrição de uma das inúmeras palestras de Rudolf Steiner(1861-1925). Esta daqui, proferida em 1908.
Este livro quer responder a seguinte pergunta: Como se posiciona a Antroposofia dentro da história do pensar?
Para responder essa pergunta, Rudolf Steiner começa justificando a necessidade de autoconhecimento íntimo do homem. Diz que o homem tentou buscar respostas para o sentido da vida, para perguntas existenciais e para suas sensações internas. Mas se deparou com dois obstáculos: as Ciências Naturais e o misticismo.
Com as Ciências Naturais o homem desenvolveu o pensar lógico olhando para o fora, para a matéria. Já o místico desenvolveu o olhar para dentro. Mas como o místico não abandonou os dogmas e interpretações religiosas, o místico não desenvolveu o pensar.
Então, para Steiner, tanto as Ciências Naturais quanto o Misticismo são na verdade obstáculos para o auto-conhecimento. “Quem tem esperanças que as Ciências Naturais sozinhas lhe deêm autoconhecimento é porque ainda não se aprofundou o bastante“, defende Steiner. E todo aquele que já realizou algum caminho místico perceberá nos estágios mais avançados que esse caminho o separa da realidade. Acredita, erroneamente, o místico, que as verdades espirituais não convivem com a pura atividade mental.
Em sua palestra, Rudolf Steiner apresentará as razões porque chegamos nessas duas opções de caminhos, da Ciência Natural e do misticismo. Fará um resgate da história da filosofia. Dirá Steiner que Platão ainda bebia da vidência dos antigos sábios. E que apenas em Aristóteles o homem começa a juntar o mundo externo ao interno. Mas nem tudo que lemos de Aristóteles está correto. Pelo contrário, muita coisa foi simplificada, cortada, mal entendida. Steiner trará o erro de grandes filósofos como Kant que não entendeu os princípios básicos de forma e matéria propostos por Aristóteles (princípios esses que dão título ao livro).
Esse debate sobre os descaminhos que tomaram a filosofia e as práticas religiosas está bem na moda. Há vários livros sobre o assunto. Mas no que Steiner se diferencia dessas críticas é que ele não quer negar as Ciências Naturais ou o misticismo, ele as entende como uma evolução necessária. Com elas, com as Ciências da Natureza e o misticismo, o homem criou as competências cogniscientes para conseguir pensar e trabalhar em conjunto com os planos superiores a partir de um estado de vigília ordinário comum sem necessariamente recorrer a estados alterados de consciência.
A Antroposofia não quer resgatar os antigos saberes dos sábios aceitando-os de forma dogmática e nem quer que o pensar seja especulativo e que se baste em uma lógica racional como faz a Filosofia em um bom pedaço da história. A Antroposofia quer preencher uma lacuna que existe entre Ciências e misticismo. Quer aproximar o espiritual humano ao espiritual universal de forma consciente. A Antroposofia quer o pensar puro, ético, espiritualizado.
Ao livro ficou faltando o desenvolvimento do que ele chama da deturpação da filosofia aristotélica pelos árabes. O autor foi ali, jogou uma pedra e saiu correndo. Precisava ter explicado um pouco mais. Também senti falta de mencionar Goethe, que tanto o influenciou.
Nesse livro, que se lê em um dia, Steiner consegue ser claro e objetivo. Mas mesmo assim, para entender o que ele coloca aí é preciso meditar e conhecer um pouco sobre Antroposofia.
É um livrinho incrível, mas só recomendo aos que estão se adentrando na Antroposofia.
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