O TRANSE RITUAL NA UMBANDA

Sub-título: Orixás, Guias e Falangeiros

O transe ritual, termo que dá nome ao livro, é uma experiência que nos une ao nosso “Eu real” e assim gradualmente vai definindo em nós um novo padrão. É uma oportunidade de desenvolvimento. Sua ação é como uma limpeza de velhos padrões que temos solidificado pela ação do ego. Como diz o autor, “no transe morre a personalidade e nasce o Orixá“.

Neste que é mais um de seus vários livros, o autor Norberto Peixoto explicará o transe ritual sob diversos pontos de vista. O autor explica que o transe do médium é um processo onde o espírito não “entra” no corpo do médium. O que ocorre é um afastamento do corpo etérico e através desse corpo há o encaixe.

Outros assuntos secundários que orbitam o transe ritual são apresentados. Listo abaixo alguns: 

  • A relação dos Orixás e nossas qualidades, talentos e capacidades;
  • A importância de cuidados dos organizadores de terreiros;
  • A observância da conduta moral;
  • O perigo do médium solitário;
  • As dificuldades e desafios do desenvolvimento mediúnico.

O livro finaliza com relatos de experiência mediúnica no terreiro e a relação dos movimentos característicos de cada Orixá exibidos durante certos transes.

Antes da Umbanda, Norberto Peixoto passou pela Doutrina Espírita, Teosofia, Maçonaria. Não conheço o autor e não o acompanho nas redes sociais, mas do que li, pude perceber que domina o assunto.

A QUEM SE DESTINA
É um livro para o umbandista interessado no processo de incorporação.
 O espírita, o conscienciólogo, o teosofista, o antroposófo não se beneficiarão deste livro pois não encontrará muita novidade. O que temos aqui já é material comum e bem divulgado nesses universos.

ORIGINALIDADE
Mas há novidades sim. Pude anotar ideias originais do autor, como por exemplo:

  • O autor foi muito feliz ao qualificar o transe dos Orixás como um processo “de dentro para fora” e diferenciá-lo dos processos terapêuticos mais comuns que são “de fora para dentro”. Grande sacada!
  • A ideia do Caboclos Desenvolvedores, que são entidades (seres) especialistas em formar outros espíritos que ainda não sabem incorporar nos médiuns dos terreiros. Tenho certeza que isso também existe em outras práticas, mas vi os detalhes aqui descritos pela primeira vez.
  • Sua descrição de ego é muito boa. Não há novidade mas está muito bem feita.
  • No momento do “encaixe” temos um modo de ser peculiar. Quem atua nesse momento para que os saberes e aptidões afluam do inconsciente para o consciente é Exu. Esses momentos quando conteúdos são liberados são oportunidades para reciclarmos.
  • A importância do período entre vidas onde se dá aproximações de seres e forças que irão se manifestar na próxima encarnação. A ideia geral em si não é original, mas a forma como apresentada e os detalhes sim.

EDIÇÃO
Pude perceber uma verdadeira vontade do autor em passar seu conhecimento ao leitor mas isso vem com um custo e quero citá-los:

  1. Algumas informações se repetem. Talvez tenha sido intensão do autor para fixar a ideia. Mas não chega a atrapalhar.
  2. Uso excessivo de frases longas, apostos e adornos dificultam a expressão das ideias.
  3. A Umbanda tem origem em uma mescla cultural. E o autor mantém essa mescla. Posso estar errado mas pelas palavras escolhidas, pelas ferramentas argumentativas utilizadas e até mesmo pelo estilo de redação lançando perguntas ao leitor, arrisco dizer que o autor sofreu influência da Conscienciologia.

Mas enfim, tudo isso acima é uma mera questão estilística.

HISTORICIDADE
No Espiritismo e em outras correntes se defende que não estamos mais no momento histórico de incorporações inconscientes em que basta dar passividade e o guia (entidade) assumirá. Aqui em “Transe Ritual na Umbanda” percebo uma grande afinidade com isso. O autor dirá que estamos na “era da parceria”. Tenho eu, Paulo, percebido que outras escolas estão caminhando nesse mesmo sentido. É uma tendência que se inicia nos 50. O presente pede o autodesenvolvimento mediúnico que permite incorporações conscientes. Ao meu ver é bom. Ganhamos lucidez de nós e do mundo ao nosso redor. Diminui o teatro, as enganações.

RECOMENDAÇÃO
É um livro positivo que enriquece o universo das obras umbandistas. Um ótimo livro para umbandistas.
“Transe Ritual na Umbanda” tem muitos detalhes e talvez seja muito técnico para alguns leitores. Aos que buscam algo mais introdutório sugiro “Médium: Incorporação não é possessão” de Alexandre Cumino.

Axé! Saravá!

VIDEOS SUGERIDOS PELO AUTOR DESSE POST:

O autor Norberto Peixoto fala sobre a percepção de energias do médium. (3 minutos e meio)

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PAULO HENRIQUE ARAUJO

paulo@meditecomigo.org

Moro em Recife. Desde cedo trabalhei e empreendi em vários segmentos dentro e fora do Brasil. Quando morava na China percebi que deveria dar mais atenção ao caminho espiritual. Além dos cursos e das práticas, os livros também ajudaram na minha jornada. Compartilho aqui alguns resumos na esperança que eles também lhes sejam úteis. Para ver todos os posts de Paulo clique aqui.

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