CONTEXTO DO LIVRO
Primeiro vamos apresentar o autor: Francisco Rivas Neto foi sacerdote de Umbanda, médico, autor de vários livros e fundador de alguns templos e da FTU – Faculdade de Teologia Umbandista em 2003, primeira instituição de ensino superior afro-brasileira reconhecida pelo MEC. Passou pelo candomblé, pela umbanda traçada e se iniciou na umbanda esotérica como discípulo de W. W. da Matta e Silva de quem foi seu sucessor. Rivas Neto faleceu em 2018, e transmitiu a sucessão da OICD à mãe Maria Elise Rivas.
Além dos recursos físicos e financeiros, foi preciso um corpo teórico para criar sua faculdade uma vez que a teologia predominante ainda é centrada no paradigma judaico-cristão. Para empreender e colocar em funcionamento sua faculdade de teologia, Rivas Neto precisou criar os conceitos básicos que fundamentasse uma teologia para o estudo das religiões afro-brasileiras.
Ou seja, o autor é um sacerdote, um intelectual e empreendedor. O livro “Escolas das Religiões Afro-Brasileiras” contém esses 3 traços do autor. É um conteúdo escrito desde a posição de quem tem a prática espiritual e a racionalidade para preencher esse vazio existente na academia brasileira.
Como diz o autor, a teologia é um dos campos de diálogos entre a religião e a academia. Esse livro “Escolas das Religiões Afro-Brasileiras”, assim como seus últimos livros, tentam apresentar a base para um diálogo inter-religioso multicultural. Nesse contexto, podemos dizer que o materpensene do livro é o da pacificação.
A IDEIA PRINCIPAL
A ideia principal do autor é que Umbanda não é um tipo de prática específica. Umbanda é um todo que traz as mesmas características que encontramos na matriz que forma a maior parte do povo brasileiro: ameríndia, indo-europeia e africana. E assim poderíamos agrupar essas manifestações de forma bem superficial. O autor dá um passo então e lança o conceito de “escolas” para entendermos, para nos aproximarmos e não para nos separarmos.
O termo “Escola” pressupõe fundamentos que são transmitidos de pai/mãe espiritual para filhos de forma oral, de forma de experiências vivenciadas, em troca de axé com a comunidade. Troca de axé significa: serviços espirituais, terapêuticos, educacionais, cura física, sentido de vida, convívio social, discussões etc. Além desses fundamentos, uma “Escola” requer um método (abordagem ritualística), e uma forma de vivenciar a tradição.
Você não vai encontrar aqui nesse pequeno livro uma comparação detalhada dos rituais, dos símbolos, dos toques entre as diferentes escolas. Não encontrará uma visão histórica, qual é a mais antiga, ou qual a mais “pura” como querem alguns. Ele não é completo nesse aspecto e tampouco é sua pretensão. A ideia de “escola” era algo que sobrepairava as religiões afro, mas por incrível que pareça nunca tinha sido formalizada e esse é o grande valor do livro. Ele nos forma, nos dá base para uma visão do todo. É um livro essencialmente conceitual que nos ensina a olhar para todas essas variações das práticas que vemos pelo Brasil afora.
Apesar do autor ser de uma escola específica de umbanda, o livro não vai defender nenhuma linha.
A QUEM INDICO O LIVRO:
É um bom começo para quem vai estudar as religiões de matriz africana, mas não é um trabalho completo.
DESTAQUE:
O primeiro capítulo do livro sobre diálogos inter-religiosos é uma grande sacada. Se aplica à todas as religiões, filosofias e até mesmo para uma reflexão pessoal íntima sobre como vemos e lidamos com práticas religiosas que são diferentes da que acredito.
PONTOS NEGATIVOS:
Continuarei comprando livros do autor.
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