Uma introdução sobre Henry Corbin e o Mundo Imaginalis. Vídeo em espanhol. (54 minutos)
Tem uma música não me lembro se de Lenine ou de Nação Zumbi que se inicia com uma criança dizendo algo como “É tanta ideia na minha cabeça que eu nem sei de onde vem“. Esse fenômeno da origem e formação das ideias que comenta a criança da música é pesquisado pelos filósofos e pelos religiosos ao longo de toda história. De onde elas surgem? São reais ou vem da imaginação?
Uma dos estudiosos que investigou o corpo mental foi o francês Henry Corbin(1903-1978) que escreveu mais de 20 livros e traduziu tantos outros. Henry Corbin era um especialista no mundo persa (Irã), no islamismo e sufismo.
Não sou filósofo nem religioso mas me interesso pelo tema da imaginação e da intuição. Achei que antes de sair lendo Henry Corbin eu deveria buscar uma introdução. Comprei no sebo “A lógica dos orientais” escrito também por outro francês, Christian Jambet.
CONTEÚDO
Neste livro, Christian Jambet confronta a lógica ocidental com a oriental. Aprendemos com o autor que cada uma dessas lógicas segue um caminho específico. A filosofia ocidental se caracteriza pelo esforço racional saindo do concreto para o abstrato. É um caminho “de baixo para cima”. Já o caminho da filosofia oriental segue o caminho oposto “de cima para baixo”, isto é, parte do espírito, da inspiração, para chegar na razão e na matéria.
Jambet explora uma diversidade de ideias de Henry Corbin e os orientais que o inspiraram tais como angeologia (estudo dos anjos e suas hierarquias), a unidade, gnose, o mal, dualismo, fé, conhecimento, sabedoria, monoteísmo, historicismo, fenomenologia, hermenêutica.
Em certo momento da história esses mundos filosóficos se encontram. O autor faz um verdadeiro percurso comparativo entre vários pensadores como Aristóteles, Spinoza, Platão, Avicena, Sohravardi, Marx e outros.
De todos esses temas acima, um é especial para mim: O “Mundus Imaginalis” de Henry Corbin. Esse mundo não é o mundo formado pelos pensamentos e seus conteúdos. Não é produto da alma. Esse seria o “Mundo Imaginativo” ou “Imaginário” com suas figuras universais e arquétipos. O Mundus Imaginalis a qual se refere Henry Corbin é um mundo mental intermediário entre o divino e a criação. Mas também não é o mundo intermediário dos espíritas, ou o mundo astral dos esotéricos. O Mundus Imaginalis é o lugar onde o conhecimento dos anjos cruza com o homem que está em busca da verdade, fenômeno que chamamos de iluminação. Está acima do racional humano e portanto inacessível para a ciência convencional ou para a psicologia.
ADMIRAÇÃO-DISCORDÂNCIA
É inquestionável o conhecimento do autor. Não é qualquer um que tem cacife para escrever uma obra como essa. Dei sorte de lê-lo no momento certo da minha vida e aprendi coisas que extrapolou meu objetivo inicial, porém alguns comentários são necessários para que o leitor não se decepcione:
POR QUE ESSE ASSUNTO É IMPORTANTE?
É importante porque toda filosofia que parte da matéria e de fatos históricos (caminho ocidental) está se baseando no que é restrito e isso restringe a imaginação de quem pensa. Dito de outra forma, a lógica ocidental aprisiona a mente e tira a liberdade da alma. Outro caminho é partir do que há de mais elevado (caminho oriental) de onde vem significado, de onde vem a vida. Partindo daí, o pensamento seguirá com outro momentum.
É importante porque facilita o diálogo inter-religioso.
É importante porque o encontro do caminho ocidental com o caminho oriental é o sadio encontro entre ciência e religião.
Esse encontro do caminho ocidental e oriental pode ser condensado na frase que escutei em outra música onde um velho diz sorrindo: “O pé tenho firmado no chão, mas a cabeça gosto que voe“.
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