Calma! O autor é Olavo de Carvalho mas este não é um livro sobre política. É sobre o transcendente. Em “A consciência de imortalidade”, o autor busca compreender questões fundamentais da existência humana, como morte, alma, liberdade, verdade e ética. Trata de assuntos como níveis de consciência, aspectos do eu, EQM (Experiência de Quase Morte), meditação, memória, confissão e auto-biografia como ferramenta evolutiva.
ORIGINALIDADE
Inúmeros filósofos trataram desses assuntos. Não é nada novo. Percebo que a diferença aqui surge de dois encontros.
Um primeiro encontro de Olavo de Carvalho com pesquisas científicas que indicam que existe algo além da matéria física. Algumas dessas pesquisas são apresentadas no apêndice final. E um segundo encontro que acontece entre Olavo e as obras de Henry Corbin. Henry Corbin percebeu dois caminhos na busca pela verdade: o caminho ocidental e o oriental. (Clique e veja nosso post anterior sobre esse tema).
Não é um livro original mas é atual e trás uma discussão necessária. Nossa época não mais permite ao homem fugir da aliança entre espiritualidade e razão.
CONTEÚDO – O QUE QUER O AUTOR?
Todo poeta, todo artista, todo escritor quer levar o observador (leitor) a uma reflexão.
Nesta obra, Olavo quer que aceitemos a imortalidade nas coisas do dia a dia melhorando nosso pensar e elevando nossa moral. Devemos encaixar a vida maior imortal na vida normal cotidiana. A rigor, não é necessário fazer nada. Esse “encaixe” da vida do espírito com a vida de cá já existe em todos nós com algum grau. Porém temos a opção de tentar observar a influência da vida maior em nosso cotidiano. É o que Olavo de Carvalho chama de “consciência de imortalidade”.
Imortalidade é uma característica de nossa essência. Imortalidade não é algo que passará a existir somente no dia em que morrermos. Ela já existe aqui no presente. Como diz o autor, imortalidade é algo que sustenta o presente. A imortalidade sustenta a vida, inclusive o pensar.
Uma das formas de fortalecer essa consciência é entender o homem em suas 4 instâncias: O “eu presencial”, o “eu social”, o “eu biográfico” e o “eu substancial”. Feito isso Olavo discorre sobre o “conhecimento por presença” que surge em nós não a partir de um ato cognitivo mas de um senso de existência.
SE ELA JÁ EXISTE EM NÓS, COMO PERDEMOS A CONSCIÊNCIA DE IMORTALIDADE?
Perdemos essa consciência ao levar uma vida extremamente baseada em abstrações e em ideologias (mesmo as de direita).
A críticas do autor não se dirigem apenas aos intelectuais. Segundo o professor, parte da descrença em uma imortalidade vem da escolha por palavras inadequadas até mesmo em grupos mais espiritualistas. Por exemplo, quando alguém fala de “consciência fora do corpo” está afirmando para si mesmo que existe uma consciência dentro do corpo. São sutilezas que quando acumuladas nos posicionam longe do real.
POLÍTICA E FILOSIA
Olavo de Carvalho deixou a política de lado neste livro. Inclusive dirá que “Aqueles que buscam na política um remédio para os males como violência, totalitarismo, genocídio, mentira; esses devem compreender que a raiz desses males está nas regiões etéreas do pensamento abstrato“. O pensamento abstrato tem efeitos devastadores diz o professor.
Negação da consciência de imortalidade é a fonte de muitos dos problemas da sociedade moderna. Sem ela nos afastamos da dimensão transcendental da vida e reduzimos o homem a um mero objeto material, relativizamos a verdade e decaímos moralmente.
Não espere você leitor encontrar uma prova filosófica de um “eu imortal” que continua após a morte pois toda prova é em si um conteúdo mental. E o que em nós se mantém imortal está além do mental. O autor dirá “A imortalidade só se chega por evidência“.
CRÍTICAS
RECOMENDO?
O livro não tem falhas de edição ou de texto. A produção escolheu muito bem o tamanho e estilo das fontes. Quem organizou e revisou entende do metier.
É um livro de filosofia sem complexidades argumentativas. Muito do que está aí tem forte congruência com Henry Corbin, James Hillman e Rudolf Steiner. Olavo simplifica. Ao mesmo tempo que é mais digerível deixa muita coisa de fora. O livro fica solto como que se faltasse um corpo ao qual fizesse parte. Talvez isso a gente encontre no livro de Ronald Robson que tenta organizar o trabalho do professor.
Definitivamente este não é um livro obrigatório na prateleira. É claro que todos esses temas e a abordagem do autor são muito interessantes. Mas não me sinto confortável em recomendar a leitura. É um livro que poderá influenciar o cético a considerar desenvolver sua consciência de imortalidade. Ao final talvez ele diga “É… talvez eu tenha que começar a olhar para isso de espiritualidade”.
Mas não se engane colega leitor. Para desenvolver essa consciência de imortalidade, só com prática.
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