Minuto Verde sobre a Carta da Terra.
Vídeo de 3 minutos.
A construção da Carta da Terra.
Vídeo de 5 minutos.
Esse livro, da coleção Estudos da Religião é o resultado da produção de pesquisadores em Ciências da Religião da PUC Minas Gerais. É uma compilação de artigos das áreas de filosofia, sociologia e teologia sobre a evolução de uma forma de pensar que começa como egocêntrica e extrativista. Passa por uma consciência ecológica mas que também é insufiente. E atinge sua plenitude numa consciência planetária mais altruísta e ética.
É um livro de estudo, com linguagem acadêmica. Não é um livro de denúncia da situação atual das florestas e dos índios. Nem é um livro com abordagens esotéricas.
O tema “consciência planetária” é tão amplo que cairia muito bem uma apresentação inicial do que poderia estar compreendido nesse tema de forma a posicionar o escopo do livro. Mas não é isso que acontece. Abrimos o livro e já caímos de paraquedas direto no artigo de Leonardo Boff que teve participação ativa no projeto Carta da Terra. Para saber o que é a Carta da Terra veja o curto vídeo que coloquei ao final dessa página.
Saindo da Carta da Terra, o livro passa para os movimentos sociais dos últimos 50 anos que levantaram a questão da ecologia, aquecimento global, crise energética e alimentar. Movimentos sociais que tiveram repercussão nas ciências, nas universidades, na política e nas religiões que passaram a ter que se preocupar com esse tema que até então foi colocado em segundo plano.
Os artigos que seguem tratam de temas como consciência, natureza humana, natureza ecológica, criação do homem, natureza e espírito, ampliação do conceito de atenção plena. Os diferentes pontos de vista de Nietzche, Aristóteles, Tomás de Aquino, Platão, Heidegger são confrontados. Exceto para com um único artigo sobre cosmologia ameríndia e afro-brasileira, a tônica central é o pensamento ocidental cristão.
PONTOS DE DESTAQUE DO LIVRO
O artigo “As ciências da vida e os saberes ambientais: cultura, conhecimento e re-apropriação da natureza” e o artigo “A atenção-plena planetária e o serviço agápico: uma crítica filosófica ao conceito de consciência” são MUITO BONS. 30 páginas que pagam o livro. Num rápido resumo, juntando os dois artigos, é contado como o ser humano tornou a natureza um objeto, sobre a matematização da natureza e acreditar que isso seja a verdade. Um dos argumentos colocados é que houve uma desfragmentação do conhecimento. Até hoje os diversos departamentos em uma universidade mantém distância do outro. Em especial entre ciências humanas, biológicas e exatas. O que não é matematizável nesse nosso mundo perde a importância. Além disso, a ciência sofreu uma distorção e dizem com orgulho que ciência é “a-política”. Dizer que ciência é sem política é uma forma de esconder o importante papel que a ciência tem ao contribuir para a manutenção do poder econômico e político do mundo de hoje. Dizem os autores que a ciência não tem conexão nem compromisso com a melhoria da vida das pessoas e do planeta. Mas estamos chegando no ponto em que essa ciência descompromissada encontra o estudo da consciência. E a consciência tem natureza agápica. Isto é: altruísta, avança para o todo, para a união e não para a fragmentação. Nela, o sujeito não espera receber qualquer tipo de benefício. A consciência é livre, a ciência não. Os artigos avançam relacionando qualidade de vida com padrão de relacionamento interpessoal, ambiental e cultural e a necessidade da restauração de valores universais.
Particularmente, vindo de uma família de cientistas, posso dizer que o artigo falha em não reconhecer que existem cientistas que estão pensando no bem do planeta. Apesar de que eles não tenham consciência planetária não estamos na estaca zero.
Outro ponto de destaque do livro, e o motivo desse livro estar aqui nesse blog que fala de espiritualidade é que o momento requer uma revisão de todas as áreas do conhecimento incluindo as religiões. A consciência planetária é um freio de ajuste que precisa ser dado. É um ponto de corte. Infelizmente algumas religiões não passam nesse ponto de corte. Algumas religiões são incompatíveis com uma consciência planetária.
Existe uma visão judaico-cristã onde o homem é o ser superior sobre todas criaturas pois ele é dotado de alma racional. Em parte, é daí que vem o sentimento de superioridade do homem para com a natureza.
Está lá em Gênesis 1:28 “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.”
Sujeitai e dominai ! O que pode nascer daí? É para se pensar. O livro discute o assunto.
MINHA OPINIÃO PESSOAL
Quem nasceu entre os anos 80 e 90 talvez nunca tenha ouvido falar da Carta da Terra. Mesmo que essas propostas e tratados da ONU e outras organizações sejam quebradas e esquecidas será sempre positivo a discussão de uma consciência planetária. É muito bom ter referenciais de ética para a sociedade mesmo que isso já exista em sociedades mais antigas principalmente no oriente.
São muitas as diferença entre a ética das filosofias orientais e a Carta da Terra. Uma delas é que a Carta da Terra não sugere caminhos para se chegar lá. Ela não aponta quem são os agentes retrógrados além daquele óbvio: os padrões de consumo e o crescimento descontrolado da população humana. Já os sábios da antiguidade nos deixaram uma sugestão de caminho prático nos níveis individuais e coletivo.
O tema da Carta da Terra toma dois capítulos do livro. A Carta da Terra tem uma grande chance de cair no esquecimento mas as importantes questões apresentadas nos demais capítulos são e ainda serão atuais por um bom tempo.
Aprendi muito com o livro e o recomendo aos que querem se aprofundar no tema. Encerro esse post com uma pergunta:
E aí ? Sua religião, seus valores, seus hábitos, são compatíveis com uma consciência planetária?
DOCUMENTOS sugeridos pelo autor DESSE POST:
Caso queira ler a Carta da Terra é só baixar daqui. Arquivo PDF com 7 páginas. Clique aqui para baixar.
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paulo@meditecomigo.org
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