Palestra focada no livro “As variedades da experiência religiosa“.
A IMPORTÂNCIA DO AUTOR E SUA OBRA
O nova-iorquino William James (1842-1910) foi filósofo e psicólogo. Como filósofo destacou-se por ser um dos pais do pragmatismo. Como psicólogo também teve grande influência e foi o primeiro a montar um curso de psicologia nos Estados Unidos.
Em “As variedades da experiência religiosa“, William James não quer saber da filosofia nem das idéias religiosas, muito menos de suas instituições.
William James tentará analisar as experiências religiosas sob o ponto de vista estritamente psicológico.
Em sua época, a psicologia explicava as experiências místicas como resultantes de distúrbios mentais causados por disfunção de órgãos. William James quebrou esse paradigma e mostrou que essas experiências nem sempre são de origem patológica. Elas podem ser experiências verdadeiras e fundamentais para a evolução do homem.
O livro foi um marco pois alargava o pensar materialista-científico predominante da época, por considerar aspectos interiores até então desprezados. James defendia que ciência ou verdade (razão) só tem valor se forem úteis (pragmatismo). E se um sentimento religioso é útil, ele não deve ser menosprezado pela psicologia.
Muitas de suas idéias ainda estão em voga por aí.
Uma delas não ganhou atenção dos críticos mas quero dar destaque aqui: o autor reconhece que essas pessoas que tiveram experiências religiosas, sendo desequilibradas ou não, trazem exemplos de conduta virtuosa. Que essas pessoas, com problemas mentais ou não, vem inspirando a humanidade a ponto de serem consideradas pelo autor verdadeiros impulsionadores da humanidade.
O CONTEÚDO DO LIVRO
No livro “As variedades da Experiência Religiosa”, o autor descreve os estados psicológicos das pessoas que atingem estados alterados. Descreve o antes, o durante e o após das experiências religiosas.
O que o autor chama de “experiência religiosa” vai desde a sensação mais banal como sentir uma presença até os estados de consciência ampliada dos místicos. Colocando aqui de forma bem objetiva, as seguintes experiências são:
– Experiências de cura psíquica ou cura cristã;
– Percepção de espíritos;
– Etapa intermediária transitória antes de estados elevados;
– Hipnose (na época ainda um mistério);
– Mudanças de caráter quando se atinge altos níveis evolutivos, que o autor chama de “santidade”.
Aspectos psicológicos também considerados pelo autor como “experiência religiosa”:
– Estado de fé;
– Auto-enfrentamento dos traços fardos (pecados da carne);
– Felicidade;
– A mente equilibrada e a mente desequilibrada;
– A melancolia;
– O centro da consciência e a vontade;
– Renúncia e desapego;
– Conversão;
– Impulso e vontade.
As experiências estudadas vêm do universo presbiteriano, metodista, místicos cristãos, pessoas sem afiliação religiosa e dos relatos oficiais dos santos católicos.
Não veremos muita coisa do hinduísmo ou budismo. Apenas no capítulo XVI e XVII veremos alguns comentários sobre estágios que se atinge um praticante do budismo e do sufismo. Mas não se anime pois é coisa de poucos parágrafos.
São mencionadas poucas vezes cura mental, Teosofia.
Nada se fala das experiências dos praticantes de religiões do povo afro-americano ou indígenas locais.
Dado esse universo restrito de experiências, ficarão de fora as experiências como incorporação, psicografia, clarividência ou telepatia. O autor desqualifica essas experiências e se resume a dizer que são eventos de automatismo ou estados de nível psicopatológico.
James afirmará que a maioria dos que relatam suas experiências não tem desenvolvimento intelectual para entender o que está acontecendo, nem estabilidade emocional para tirar um efeito positivo da experiência. Pelo contrário, alguns chegam a ter efeito negativo, dirá. Cria o termo “Santidade Teopática“, que aplica aos sujeitos em que devoção, pureza, caridade e ascetismo se tornam atributos contribuintes para uma personalidade desequilibrada.
O autor tenta ser bem criterioso com a base pesquisada e acaba deixando muita coisa de lado. Mas talvez fosse exatamente o que era possível de ser feito. Já foi um grande passo para a época.
PONTOS NEGATIVOS:
RECOMENDO O LIVRO?
Não.
O livro, lançado em 1902, é um clássico absoluto. Foi um verdadeiro divisor de águas. Contudo, você leitor do mundo pós William James encontrará poucas novidades nessa obra. E para falar a verdade vai achar as idéias do autor até mesmo um pouco antiquadas. O livro hoje não é mais original. E o motivo disso é que muito do que ele falou se popularizou bastante. Sendo assim, só recomendo o livro ao estudioso interessado na história do pensamento pois retrata muito bem a situação geral de sua época.
No frigir dos ovos, é um livro de psicologia de 100 anos atrás. Para o estudante de psicologia espiritualista é sim recomendado.
O autor classifica o livro como um estudo dentro da “Ciência das Religiões“. Portanto, interessará também ao estudante da “Ciência das Religiões“.
Quem está na busca espiritual, interessado em experiências religiosas parapsiquicas, e quer algo mais atual e direto ao ponto sugiro:
– “Transe e mediunidade”, de L. Palhano Jr.. Escreverei mais adiante um resumo desse livro aqui no site;
– “Competências Parapsíquicas”, junto do curso do CEAEC que leva o mesmo nome;
– “700 experimentos da Conscienciologia”, de Waldo Vieira (disponível para download em PDF aqui: https://editares.org.br/livro/700-experimentos-da-conscienciologia/)
links externos sugeridos pelo autor DESSE POST:
Download do original em inglês
Esse e outros livros de William James estão disponíveis para download em inglês.
https://www.gutenberg.org/ebooks/author/325
Página sobre William James no Wikipedia
https://pt.wikipedia.org/wiki/William_James
VIDEOS SUGERIDOS PELO AUTOR DESSE POST:
Palestra focada no livro “As variedades da experiência religiosa“.
Áudio (sem vídeo) de aula ministrada pelo professor Henrique Elfes da Universidade Sumaré sobre William James. Aqui fala-se mais sobre a situação em que William James está inserido, sua contribuições.
paulo@meditecomigo.org
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