A francesa Elisabeth Rochat de La Vallée é uma estudiosa de Medicina Tradicional Chinesa. É autora dos livros “Yin Yang“, “Os 5 elementos” e mais outros 20 títulos relacionados com medicina chinesa. Ao ler os comentários positivos pela internet, decidi comprar seu livro “A study of Qi“. Em português traduzimos para “Um estudo do Qi“.

É um livro dividido em 3 partes.

Na introdução (11 páginas) encontramos conceitos básicos sobre Qi, a origem do idiograma. O Qi não era Qi. Era “vento”, era “vapor”. Não é nada que não encontremos no Wikipedia ou sites na Internet. Mas aqui no livro está tudo organizado ficando mais fácil e nos economiza tempo.

Na segunda parte (42 páginas), a autora se dedica a buscar referências de Qi na filosofia até o segundo século AC. Foi um bom esforço da autora e o que está aí não é de se jogar fora. Mas considerando especificamente a abordagem filosófica, há no mercado editorial melhores publicações. Veja no final dessa página outras opções.

É então na terceira parte do livro (64 páginas) “Qi nos textos de medicina Chinesa” que a autora agrega valor pois entramos em sua área de expertise. Ela extrai as referências de três principais clássicos da Medicina Tradicional Chinesa: o Suwen, o LingShu e o Nanjing. Nesses clássicos encontramos os mais diferentes tipos de Qi tais como Qi ancestral, Qi autêntico, Qi correto, Qi perverso, Da Qi, Ying Qi, Wei Qi, Shen. A autora passará por cada um deles e é nessa terceira parte que está o coração do livro.

Elisabeth Rochat de La Vallée é influente pesquisadora no mundo ocidental com seguidores aqui no Brasil. E como vive nessa ponte com o ocidente, todas as interpretações do livro são mentais. E quando isso acontece há problemas de fazer suposições baseadas em uma cosmovisão característica do mundo ocidental contemporâneo. Falta a autora um pouco mais de sensibilidade às energias. Essa é a minha principal crítica ao livro. 

Outras críticas menores são:

• Algumas interpretações são duvidosas entre elas a que concerne à formação do Qi.
• A autora esquece de acentuar o pinyin (romanização dos caracteres chineses). Isso dificulta, pois se não podemos confiar no pinyin temos que partir para os caracteres chineses. Acredito que é assim para a maior parte dos leitores. O pinyin não acentuado pode levar a má interpretações.
• Falta referências bibliográficas.

O mundo ocidental é carente de literatura sobre Qi e esse livro é uma significativa contribuição.
Porém posso recomendá-lo apenas com bastante restrição.

É um livro caro para apenas satisfazer a curiosidade. Será válido apenas a interessados em medicina Chinesa que querem ir muito a fundo no tema do Qi. 

O livro não atenderá as expectativas do leitor que espera encontrar nesse pequeno livro todas as respostas. A própria autora concordaria com essa opinião uma vez que chamou o livro de “Um estudo do Qi“. Ou seja, é um estudo. Não é um tratado completo. Fique certo que o tema do Qi não será compreendido integralmente com um único livro. Esse livro, “A study of Qi“, tem informação que não se encontra facilmente por aí. Mas não o colocaria no topo da lista.